Disputa-se em Morretes não apenas um lugar nos restaurantes para comer o barreado, mas sobretudo a paternidade e a posse da sua origem têm causado acirradas versões entre Morretes, Antonina e Paranaguá. Alguns dizem que o barreado incorporou-se à alimentação do caboclo, através do ” entrudo”, o precursor português do nosso carnaval. Depois da folia, o barreado era servido para “forrar” o estômago.
Outros dizem que o barreado incorporou-se à culinária cabocla através dos tropeiros que subiam e desciam o litoral pelos caminhos das serras e que no final da tarde, quando acampavam para o pernoite, faziam em seguida uma densa refeição ao cair da noite. Alguns explicam que o louro é utilizado como tempero em função das suas propriedades digestivas, já que o barreado é um prato “pesado”. Afirma-se também que no passado, o barreado, era levado a um braseiro deveria permanecer por 24 horas no fogo, até “ficar no ponto”.
De um jeito ou de outro, todos concordam que a cachaça sempre acompanhou e deve continuar acompanhando o barreado. Símbolo de fartura, de festa e alegria, o nome do prato vem da expressão “barrear a panela”, isto é; vedar com pirão de farinha de mandioca e cinza para não se perder a fervura. Outros dizem que a origem do termo está ligada ao utensílio de barro utilizado para fazer o cozido.
Hoje, o barreado ultrapassou as fronteiras culturais e a disputa entre Morretes, Antonina e Paranaguá, para se tornar o único mais típico prato do litoral paranaense. Os antoninenses que possuem a mais forte tradição carnavalesca do Paraná, tendem a associar o Barreado ao “Entrudo”. Já os morretenses tendem à aproximar a origem do barreado com sua cidade, dizendo que os tropeiros, durante o ciclo da erva mate, traziam do planalto, quando desciam o caminho da Graciosa, um cozido bem temperado que durava muitos dias sem que se deteriorasse. Tempo utilizado pelos tropeiros, até que alcançassem o Porto de Cima.
INGREDIENTES PARA 10 PESSOAS
5 Kg de carne fresca
peito, cochão mole, patinho
500 gramas de toucinho fresco
5 tomates sem pele
3 dentes de alho
6 pitadas de cominho
4 maços de cheiro-verde
1/2 litro de vinagre
PREPARO
Começa-se o corte e a limpeza das carnes de véspera. As carnes e o toucinho devem ser cortados em pedaços pequenos, adicionando-se todos os temperos cortados. Leva-se tudo à uma vasilha que não seja de alumínio. Deixa-se repousar até o dia do preparo. Forra-se a panela com o toucinho e leva-se ao fogo para derreter. Depois põe-se as carnes temperadas, tampa-se a panela com uma folha de bananeira previamente sapecada na chapa para amolecer, amarra-se com um barbante grosso nas bordas. Coloca-se a tampa e barrea-se com uma mistura de cinza de fogão, farinha de mandioca e água fervendo, para dar a liga. Depois de bem vedada, leva-se ao fogo forte nas primeiras horas, passando-se para um fogo mais brando depois. O fogão tem que ser a lenha.
MODO DE SERVIR
Serve-se com farinha de mandioca, banana, laranja e arroz.
Acompanha uma bebida alcoólica (batida ou pinga) que serve para rebater este prato, considerado forte.
O tempo de cozimento é de 12 horas.
Quando a folha de bananeira estiver bem escura, está pronto.